quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Poesia inútil


Às margens de chegar a algum lugar e não sair de lugar nenhum, me vejo rodeado de pessoas que podem ser definidas como pedaços de carne ambulante, sem aquilo que alguns chamam de alma para fazer jus ao que outros chamam de coração. 
Me encontro perdido num barco dentro de mim mesmo, onde a única saída é a mesma de anos atrás, porém mais escura e maldita, com mais erros e mágoas do que antes. A curva da próxima esquina não me permite seguir em frente, não há escolha, tenho que virar. Virar para não chegar, para não se despedir, para não dar adeus. Sigo olhando vago para lugares inúteis buscando uma solução inútil para resolver uma questão vulgar. Qual será o pedaço da alma que eu busco encontrar?! 
Chegar ao ponto de escrever por não ter mais o que falar e tentar resolver essa equação com a simplicidade de um abraço infantil, e ao mesmo tempo com a dificuldade de um aperto de mão da meia idade. 
O barulho do silêncio me incomoda, ouvir o que a mente tem para dizer é tão difícil quanto ouvir o que eu tenho para falar. Não falo nada, sou um eu lírico cansado, um romântico frustrado que só amava a si mesmo até o dia em que foi traído. As poesias não refletem mais a vontade e sim a maldade que eu fiz comigo mesmo. Não escrevo, não sofro. Não sofro, não escrevo. A válvula de escape é o sofrimento, sempre foi. Me transformei no meu eu lírico e acabei desaparecendo no meio do que eu escrevo. Me perdi nas poesias clichês, nas palavras certas, nas rimas erradas. Deixei um pedaço meu em cada verso que eu escrevi para alguém, e agora para me refazer, confesso que será complicado.

2 comentários:

  1. Emocionado com a poesia. O mais legal é ler um poema de uma pessoa tão jovem e tão inspirada. Parabéns e continue nesse caminho.

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