domingo, 11 de novembro de 2012

Metade


decida seu caminho
um pé lá e outro aqui, não consigo mais
decida seu caminho
se alma ficou e o corpo continua
olhe para trás e tente se encontrar no caminho onde se perdeu
decida seu caminho, antes que seja tarde
a metade não me satisfaz
metade do seu ser não me alimenta
gosto de coisas completas, inteiras
abraços inteiros
beijos completos
gosto de fins entregues à paixão
se deu certo ou não
quem se importa?
desde que seja inteiro, inteira é a certeza que valeu
então se decida
não quero sua metade, não quero ser plano b
não quero ser o abraço que aquece sua metade
enquanto sua outra parte permanece imóvel
ou seja inteira
ou não seja
pela metade, não.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Poesia inútil


Às margens de chegar a algum lugar e não sair de lugar nenhum, me vejo rodeado de pessoas que podem ser definidas como pedaços de carne ambulante, sem aquilo que alguns chamam de alma para fazer jus ao que outros chamam de coração. 
Me encontro perdido num barco dentro de mim mesmo, onde a única saída é a mesma de anos atrás, porém mais escura e maldita, com mais erros e mágoas do que antes. A curva da próxima esquina não me permite seguir em frente, não há escolha, tenho que virar. Virar para não chegar, para não se despedir, para não dar adeus. Sigo olhando vago para lugares inúteis buscando uma solução inútil para resolver uma questão vulgar. Qual será o pedaço da alma que eu busco encontrar?! 
Chegar ao ponto de escrever por não ter mais o que falar e tentar resolver essa equação com a simplicidade de um abraço infantil, e ao mesmo tempo com a dificuldade de um aperto de mão da meia idade. 
O barulho do silêncio me incomoda, ouvir o que a mente tem para dizer é tão difícil quanto ouvir o que eu tenho para falar. Não falo nada, sou um eu lírico cansado, um romântico frustrado que só amava a si mesmo até o dia em que foi traído. As poesias não refletem mais a vontade e sim a maldade que eu fiz comigo mesmo. Não escrevo, não sofro. Não sofro, não escrevo. A válvula de escape é o sofrimento, sempre foi. Me transformei no meu eu lírico e acabei desaparecendo no meio do que eu escrevo. Me perdi nas poesias clichês, nas palavras certas, nas rimas erradas. Deixei um pedaço meu em cada verso que eu escrevi para alguém, e agora para me refazer, confesso que será complicado.